sexta-feira, 22 de julho de 2011

O Senhor dos Componentes - Parte 1

Um colega de trabalho me aconselhou conversar com os componentes, e eis que um dia resolvi seguir seu conselho. Foi assim que conheci um velho microcontrolador 8051, que me contou uma história fantástica.
Ela se inicia no distante Vale do Silício na grande terra de Asus, onde havia um vilarejo conhecido como Vila das Resistências. Um grande evento seria conduzido ali, naquele dia nublado de dezembro. Era a grande festa dos Opositores de Elétrons, feita anualmente, e que reunia vários componentes das terras mais longínquas, e onde geralmente se realizavam vários casamentos de impedância.
Os capacitores haviam acabado de chegar de viagem, carregados de tensão. Já os indutores formavam um núcleo de ferrite e, para matar o tempo, disputavam para saber quem tinha mais linhas de força. Os termistores por outro lado estavam muito esquentadinhos por não haver mais hospedagem, quase chegando ao curto circuito por isto. O resistor R78 procurava alguém que pudesse falar a língua dos LDRs, que estavam tumultuando o centro da vila. Estavam todos portanto muito ocupados com os preparativos, e como não poderia deixar de ser, o resistor R34 já tramava suas travessuras para aquele ano.
Para o evento deste ano, foi convidado um grupo de LEDs conhecidos como João Laser e os Pisca-pisca de alto brilho, espetáculo conhecido mundialmente. R34 não simpatizava muito com aqueles componentes, já que um certa vez disse que ele não conseguia conduzir a corrente necessária para iluminá-lo. “Além de convencido, é muito suspeito! 'Me iluminar'... O que eu posso pensar de alguém que tem necessidade de se iluminar para chamar a atenção?”, pensava ele. Só por que a resistência do jovem resistor era de 10 ohms! Todos eles vão ver que corrente é necessária para iluminá-los!
Havia então arquitetado um grandioso plano, e para que seu plano dar certo, ele tinha que chegar à fonte da cidade. Não seria uma tarefa muito fácil, pois ela era muito bem guardada pelas temíveis câmeras USB. Por isto ele preparou uma mochila bem grande para a viagem. Ao sair de casa, o velho resistor de fio enrolado, R4, o indagou:
  • Para onde você está indo, R34?
  • Estou indo resolver uns probleminhas antes da festa começar.
  • Por acaso você está procurando encrencas?
  • Não, eu não... Mas alguém certamente está encrencado...
  • Ainda está perturbado pelo que aquele LED te falou?
  • Não estou perturbado... Só que eu acho que ninguém pode sair dizendo qualquer coisa, sem pensar... Vou mostrar a todos que eles devem me respeitar também...
  • Ah, R34... Quando você vai aprender que resistência sozinha não tem nenhum sentido, mas potência é o principal?
R34 no entanto não queria perder a manhã inteira ouvindo aquele discurso mais uma vez. Já lhe bastou as seções de psicanálise que ele teve que frequentar no consultório do doutor Multímetro. Ele era um chato, e aquele apito do teste de continuidade lhe dava nos nervos. Lembranças daquelas seções de tortura vieram novamente à mente dele, o que ele repudiou imediatamente:
  • Vô, eu não quero mais saber disto...
Assim, partiu ele muito rapidamente, antes que sua tolerância de 1% estourasse. O velho resistor o observava, triste, imaginando onde é que ele havia errado.
R34 então pegou a velha trilha de Cobre até chegar ao grande monte de Cabos. A escalada foi complicada, mas ele já havia se preparado para tudo aquilo... Por fim, chegava na entrada da fonte, onde duas câmeras USB vigiavam sem um piscar de seu obturador. Para completar, um filtro passa-baixas ajudava na vigília.
  • Não será fácil passar por eles. - dizia R34 para si mesmo.
E na escuridão da noite, R34 refletia sobre uma forma de concluir seu plano.

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